Hiroyuki Hino

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Tanto no cais quanto a bordo do navio, ouviam-se gritos de “Banzai, Banzai!” Muita gente com lágrimas escorrendo pelo rosto; inclusive minha mãe, que me disse quase murmurando, “Hiroyuki, veja bem o Japão, pela última vez...” Até hoje essa cena ainda está viva na minha memória. Tanto no cais quanto a bordo do navio, ouviam-se gritos de “Banzai, Banzai!” Muita gente com lágrimas escorrendo pelo rosto; inclusive minha mãe, que me disse quase murmurando, “Hiroyuki, veja bem o Japão, pela última vez...” Até hoje essa cena ainda está viva na minha memória.
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Foto da familia
Foto da familia

Nasci em agosto de 1946, na província de Fukuoka, no Japão, exatamente um ano após o término da 2ª Guerra Mundial, da qual meu pai participou. Terminada a guerra, ele se casou com minha mãe, uma professora primária, em 1945. Em 1928, minha mãe foi deixada no Japão aos 4 anos de idade, aos cuidados dos meus bisavôs, quando seu pai, Nobuo, emigrou para o Brasil. Ele havia prometido retornar em 10 anos, mas isso não ocorreu, assim como muitos dos emigrantes da época. Então, minha mãe passou a viver junto com os avós. Com o falecimento do avô, ela passou a viver só com a avó.

Após a Guerra, o Japão passou por uma reforma agrária, atingindo minha família em cheio, pois nela não havia nenhum homem que pudesse trabalhar na agricultura. Para não perder toda a propriedade da família, nem a linhagem, minha mãe precisou esposar meu pai como “yooshi” (adotivo), da província de Kumamoto. Com o casamento, tiveram 5 filhos: Hiroyuki, Koji, Kozo, Mayumi e Chiyoki, todos nascidos no Japão.

No final de 1955, quando eu cursava a 3ª série do ensino primário, contra a vontade da minha mãe, meu pai nos comunicou que iríamos mudar para a casa do meu avô no Brasil. Não me recordo ao certo se fiquei contente ou triste. No ano seguinte, todas as nossas propriedades foram vendidas ou cedidas para parentes.

Os professores e colegas da escola presentearam-me com um álbum de registro de atividades realizadas na escola, como - “ensoku” (excursão) -“undokai” (gincana poliesportiva) e “gakugeikai” (teatro de escola).

Nas férias de verão, fomos visitar meus parentes de Kumamoto para nos despedir. Lembro-me de que meus tios nos levaram até o famoso vulcão Aso, ao Castelo de Kumamoto e ao Parque Suizenji.

No dia da partida, um grande número de pessoas do bairro se aglomerou no ponto de ônibus, inclusive vários colegas da escola. Viajamos de trem “maria-fumaça” de Fukuoka a Kobe, onde tivemos que ficar de quarentena na hospedaria de Kobe. Durante todo esse tempo aproveitei para ler livros alugados no sebo que se situava numa longa ladeira entre a hospedaria e o porto de Kobe. Na hospedaria recebi aula intensiva de português, mas só consegui aprender a frase “o que é isto?”. Todavia, essa simples frase me ajudou muito na aprendizagem do português.

Um dia antes da partida, do porto de Kobe, meu tio-avô veio especialmente de Fukuoka para se despedir. No dia 3 de dezembro de 1956, o navio Brazil Maru, com cerca de 900 imigrantes a bordo, deu um grave e longo apito e, aos poucos, foi se afastando do cais, onde uma multidão acenava e atirava confetes. Alguns portavam a bandeira do Japão, e uma banda tocava a música “Hotaru no Hikari”.

Tanto no cais quanto a bordo do navio, ouviam-se gritos de “Banzai, Banzai!” Muita gente com lágrimas escorrendo pelo rosto; inclusive minha mãe, que me disse quase murmurando, “Hiroyuki, veja bem o Japão, pela última vez...” Até hoje essa cena ainda está viva na minha memória.

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