Bonsai

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ceramista, professora doutora do Instituto de Artes ceramista, professora doutora do Instituto de Artes
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Exemplo de Bonsai
Exemplo de Bonsai


O UNIVERSO EM MINIATURA

encanto do jardim japonês está na serenidade e harmonia com a Natureza, na interação com o universo que o circunda. Não foi criado em torno de linhas geométricas ou de simetrias que pareçam modeladas por mãos humanas, como nos jardins ocidentais. Ele representa o universo em miniatura, onde todos os elementos (montes, cascatas, riachos, árvores, pedras) são condensados de uma forma simbólica, compondo um cenário natural, de simplicidade, quase um retrato da Natureza. Atrás dessa naturalidade, que oculta a mão do homem, está toda uma filosofia de interação do homem com a Natureza, o esmerado trabalho de um mestre de jardim e um constante e minucioso trabalho de manutenção. Um manuscrito do século XII - Sakutei Ki - serviu de base à concepção dos jardins japoneses. Neste manual, estão as normas que um mestre de jardim deve seguir em todas as etapas. São regras bastante rígidas, compostas de recomendações e proibições, segundo a simbologia, os costumes e a estética antiga. Feito para o prazer e o divertimento dos aristocratas, o jardim do período Heian (794/1191) era do estilo chinês. Continha sempre um lago com uma ilha e oferecia vistas panorâmicas que lembravam pinturas de paisagem da arte chinesa. Eram projetados para a contemplação da lua, das flores, da neve, da beleza das mutações da Natureza através das estações, baseados no desejo de criar uma versão real do paraíso imaginário. A partir do século XII, o Japão passou por grandes transformações políticas e sociais. Os jardins, como toda a cultura japonesa, apesar de novas influências, desenvolveram gradualmente características próprias, distintas das formas chinesas. Os artistas dessa época representavam a paisagem como um estado da alma, uma certa atmosfera. Seguindo os pintores, os mestres de jardim procuram evocar sensações e emoções de certos lugares com a ajuda do arranjo de pedras. E a composição de pedras torna-se elemento fundamental nos jardins zen-budistas. São jardins secos, despojados, reduzidos a pedras, areia e algumas plantas. Ao invés da beleza efêmera das flores, esses jardins privilegiam os minerais, mais permanentes e resistentes ao tempo. O jardim assim permanece, e a mente do homem deve transformá-lo através da meditação. A maioria desses jardins, construídos ao redor dos templos, está em Kyoto. Sua forma estética mais perfeita foi atingida com o Ryoanji, uma composição de 15 pedras, construido por volta de 1500, sobre uma superfície de 337 m2 de areia, que elimina a dualidade areia/pedra realizando um perfeito equilíbrio. Durante o shogunato dos Ashikagas (1338/1573), período de grande desenvolvimento das artes, o jardim se difunde tanto nos palácios e templos como nas casas dos samurais. Com a nova arquitetura estilo shoin, os jardins das residências são feitos para serem contemplados pela janela. Outra modalidade de jardim que se desenvolveu na época é o roji, jardim do pavilhão de chá, inspirado na paisagem de montanha. É simples e sereno com o percurso (roji) marcado por pedras no meio da vegetação, indicando os passos do visitantes. No século XVI, durante o período Momoyama, que se destaca pela construção de grandes palácios e castelos, criaram-se grandiosos jardins, em que se perde parte da antiga austeridade. Com a transferência da capital para Edo, atual Tóquio (período Edo 1603/1858), são construídos jardins-parques, abertos à população, com grandes lagos, pontes, caminhos, reprodução de paisagens e montanhas famosas. No período Meiji (1868/1911) não houve grandes mudanças nos jardins. Foram adaptadas normas antigas para a construção de pequenos jardins em casas particulares, inspirados no estilo zen e no roji.


Katsuko Nakano, ceramista, professora doutora do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

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