Paulo Kobayashi
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PAULO KOBAYASHI (In memoriun)
Desde a infância, na cidade de Pedreira, interior de São Paulo, o menino Paulo Kobayashi procurava entender como seu pai saíra do Japão, localizado no outro lado do mundo, casara-se com uma nissei e levava a vida no meio rural do imenso Brasil. A fim de satisfazer suas curiosidades, seus pais lhe davam a primeiras noções de Geografia.
Aos 17 anos mudou-se para a capital e ingressou na PUC para estudar o que mais gostava: Geografia. Com 19 anos começou sua vida de professor lecionando em cursos preparatórios de nível médio e vestibulares no bairro da Liberdade e posteriormente no Curso Objetivo. Assim, despontou o professor-fenômeno. Com apurado senso de humor e notável técnica didática, encantava jovens alunos.
Como professor Paulo Kobayashi desvendava os segredos da Terra através de suas aulas de Geografia física, humana, social, econômica, política e ambiental, esforçando-se para ampliar a visão de alunos para questões universais relacionados à vida em sociedade. Não se cansava de dizer a seus alunos: “se no planeta Terra há problemas de ordem social, econômica, política e institucional, as soluções também estão na Terra, e tudo depende da educação e consciência individual e coletiva”.
Kobayashi lecionou para 1 milhão de alunos, que hoje são profissionais espalhados nas mais diversas atividades.
TRAJETÓRIA POLÍTICA
Com simplicidade, visão coletiva, discurso aglutinador e compromisso com o fortalecimento da cidadania através da democracia parlamentar, em 1974 lançou-se e foi eleito deputado estadual. Em 1982 conquistou um novo mandato. Em 1989 foi eleito vereador em São Paulo e reeleito em 1992. Em seguida elegeu-se como Presidente da Câmara Municipal de São Paulo. Em 1995 assumiu como Deputado Estadual pela terceira vez, e, em seguida foi eleito Presidente da Assembléia Legislativa, passando a ocupar o segundo cargo público mais importante do Estado.
Paulo Kobayashi foi o primeiro nissei e o único político a presidir a Câmara Municipal de São Paulo e a Assembléia Legislativa. Foi sob gestão que a Câmara Municipal atingiu a melhor produtividade da sua história, com índice de 43,27 % de aproveitamento, conforme o Banco de dados do cientista político Rui Tavares Maluf, com base no Diário Oficial do Município e Sistema de Apoio Legislativo. Também na Assembléia Legislativa, deputados e funcionários dessa Casa apontam a gestão de Kobayashi como a menos tumultuada, a mais democrática, a melhor e a mais produtiva.
Em 1998, foi eleito pela primeira vez deputado federal, assumindo prioridades do Estado de São Paulo e instruções dadas pelo governo Mário Covas e Geraldo Alckmin, para lutar, sobretudo, pelas verbas destinadas ao Estado de São Paulo no orçamento federal.
Devido ao seu desapego pelo individualismo populista, ao contrário, pela sua discreta, coerente e aguerrida defesa de valorização institucional do Parlamento e seus princípios democráticos, Kobayashi foi nomeado pelos próprios 3 senadores e 70 deputados federais de São Paulo, como coordenador da bancada paulista.
Nesse papel atuou com desenvoltura ao articular e manter diálogos permanentes com senadores e deputados federais de partidos e bancadas de todos os estados do Brasil, derrubando a barreira histórica: na visão de Brasília São Paulo era um estado rico que não precisava de verbas federais.
Como ex-professor de Geografia, passou a discursar sobre a dura realidade de São Paulo, um estado que acolhia e acumulava os descompassos sociais e econômicos de outros Estados. Sob sua coordenação, em 2002 foi registrado um aumento de 420% (em relação a períodos anteriores) da verba do Orçamento da União pleiteada por senadores e deputados federais e destinada a São Paulo.
Kobayashi cumpriu com 7 mandatos parlamentares: 2 vezes Deputado Federal, 3 vezes Deputado Estadual e 2 vezes Vereador. Foi presidente da Câmara Municipal de São Paulo e da Assembléia Legislativa, sempre se destacando como um parlamentar de resultados, sendo que sua trajetória política jamais sofreu desabonos devido a escândalos de corrupção e improbidade administrativa.
COMUNIDADE ORIENTAL DO LADO DO CORAÇÃO
Paulo Kobayashi assumiu naturalmente o papel de líder da comunidade oriental, em razão do prestígio que gozava entre seus integrantes, e sempre confirmado nas urnas. Não há nikkey que não se orgulhava, quando um “gaijin” elogiava o eloquënte professor que exerceu estímulos e admiração em 1 milhão de alunos, e o carismático e notável nissei que, com discursos brilhantes defendia seu ideário democrático nos plenários da vida política brasileira.
Como líder político das comunidades japonesas, chinesas e coreanas, Kobayashi tinha uma agenda carinhosamente requisitada, e nos últimos seis anos de sua vida pública se sentia frustrado quando não conseguia comparecer a um convite feito por membros das comunidades, devido à sobrecarga da sua agenda em Brasília. Nos finais de semana, chegava a cumprir em um só dia, doze compromissos sociais.
Dentro de suas competências, Kobayashi sempre procurou encontrar soluções satisfastórias ao pleitos de empresas e de outras organizações lucrativas e não-lucrativas da comunidade, que envolviam fundos, parcerias, patrocínios, financiamentos, repactuações etc., nas esferas públicas e privadas.
TERCEIRO SETOR
No campo do Terceiro Setor, Kobayashi lutou incansavelmente pela democratização do Poder, com vistas a fortalecer as organizações da sociedade civil, sempre afirmando que o povo não era monopólio do Estado, e, que a melhoria da realidade social dependia de ações de políticas públicas que fossem desenvolvidas conjuntamente pelo Estado, empresas do Mercado e Sociedade Civil, que são aquelas associações organizadas por cidadãos comuns, da sociedade civil.
KOBAYASHI NA AVENIDA
A ligação com a comunidade nipo-brasileira esteve presente em vários momentos da vida pública de Kobayashi. Em 1998, por exemplo, como presidente da Assembléia Legislativa, Kobayashi, junto à comunidade se sentiu no dever de liderar uma homenagem aos 90 anos da imigração japonesa. Sentou-se com a diretoria da Escola de Samba Vai-Vai, para viabilizar um evento histórico.
Os sambistas e o deputado nissei desdobraram-se para realizar tal evento, mas a maioria dos líderes da comunidade japonesa não aderiram à realização, prevendo o fracasso. Kobayashi e seus assessores arregaçaram as mangas, selecionaram 500 animados nikkeys para desfilar e ajudaram a Vai–Vai a cair na avenida. Com toda animação a Escola Vai-Vai desfilou com o tema: Banzai! Vai, Vai”.
A história e a cultura do Japão que a Vai-Vai desfilou na avenida lhe rendeu o título de campeã e consagrou alegremente, junto ao povo, a integração cultural nipo-brasileira. Especialistas, inclusive autoridades japonesas reconhecem que, foi a maior e mais marcante homenagem popular até hoje prestada a imigrantes japoneses no mundo todo.
UM LEGADO DOCENTE E PARLAMENTAR INSPIRADOR
Acometido de câncer, Paulo Kobayashi faleceu no dia 26 de abril de 2005, ao 59 anos, quando ainda exercia seu segundo mandato de Deputado Federal (PSDB/SP), deixando um legado docente e parlamentar inspirador às novas gerações.
Fonte: IPK- Instituto Paulo Kobayashi