Fumiko Sugai
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Biografia de Fumiko Sugai
Fumiko Sugai foi uma mulher de princípios e virtudes e que sempre valorizou a cultura e os ensinamentos passados de geração em geração pelo Japão, baseados em conceitos como disciplina e respeito. E foi com a Escola Lar das Crianças, um sonho que se tornou realidade, que ela pôde continuar transmitindo esses valores que tanto apreciava.
Fumiko Sugai nasceu em 1906, uma época difícil, pois sua geração iria passar por duas grandes guerras e uma crise econômico-social, no Japão, que culminaria com sua vinda ao Brasil.
Aos seus 18 anos, graças à crise, Fumiko Sassaki (nome de solteira) veio ao Brasil, com o ensino médio completo, o que na época era de muito valor. Sendo a mais jovem da família a vir ao Brasil, desembarcou no Porto de Santos, acompanhada de seus irmãos, entre centenas de imigrantes japoneses.
Fumiko chegou prometida a um homem, também imigrante, casaram-se e tiveram um filho, mas nem tudo se saiu bem, pois seu casamento era um contrato com interesses burocráticos, seu filho morreria prematuramente e seu marido também morreria pouco após o “casamento”, de uma doença para nós desconhecida.
Já no Brasil, Fumiko e seus irmãos foram morar em Goiás, pois lá havia alguns japoneses, que ali se estabeleceram graças ao ambiente propício à criação de gado, atividade que já era conhecida por estes japoneses.
Aproximadamente aos seus 22 anos, Fumiko conhece Teiji Sugai, um homem simples, porém muito trabalhador e esforçado. Ele era criador de gado em Goiás e também agricultor, estudou na escola Shokumin-Gakkô, escola essa que ensinava aos imigrantes japoneses as técnicas da agricultura e pecuária, além de alguns conhecimentos médicos. Casaram-se logo depois e foi assim até o fim de suas vidas.
Tetsunosuke Sassaki, pai de Fumiko, foi um respeitado jornalista do Assahi Shimbun, jornal de maior circulação no Japão, e, homem culto que era, foi o responsável pela boa educação de seus filhos, entre eles Fumiko. Em 1932 ele foi enviado ao Brasil para cobrir a Revolução Constitucionalista de São Paulo e aproveitou para visitar, em Goiás, seus filhos e netos.
Aconselhados por ele, a família muda-se para São Paulo com o intuito de viver uma “vida mais digna”, pois, contando com o acesso a cultura e a educação, mais oportunidades seriam oferecidas ao futuro de seus descendentes.
Aos 25 anos, já em São Paulo, Fumiko Sugai vai trabalhar como linotipista no jornal Nippaku Shinbun, jornal fundado pela comunidade japonesa no Brasil.
Durante a Segunda Grande Guerra, Fumiko começa o ensino “clandestino” da língua japonesa, especialmente a crianças, atividade que fora proibida pelo governo ditatorial de Getúlio Vargas, pois, nacionalista que era, almejava que no Brasil fosse falado apenas o português, além do fato de que o Japão era nosso inimigo. O ensino da língua japonesa era uma forma de perpetuar a cultura aos seus descendentes, transmitindo o sentimento de fidelidade, lealdade e de respeito aos pais e aos mais velhos, que constituía a base do pensamento japonês – o espírito japonês.
No pós-guerra, Fumiko funda, oficialmente, a Escola Lar das Crianças, escola esta que compreendia o jardim de infância ao ensino pré-primário. Além do ensino da língua japonesa, que já era permitida, era priorizado o ensino das artes, como piano, canto e teatro. A escola também tinha um pensionato para receber pessoas interessadas em estudar em São Paulo. Fumiko produzia revistas mensais com o intuito de passar conselhos voltados à educação das crianças para os pais, além da publicação de crônicas, poesias e também musicas infanto-pedagógicas compostas por ela.
No ano de 1951, Hyron Sugai, o mais velho dos quatro filhos, faixa preta de judô e karatê, inicia uma pequena academia de artes marciais no mesmo estabelecimento da Escola Lar das Crianças.
Aos seus 64 anos, Fumiko sofre um derrame o que a impossibilita de continuar com a escola, no entanto, Hyron funda, oficialmente, a Academia de Judô e Karatê Hyron Sugai', mantendo as atividades em curso. Esta foi uma das primeiras academias de artes marciais do Brasil e foi conhecida por muitos anos até o seu fechamento, quando o judô e o karatê já estavam popularizados demais e Hyron estava mais focado na Engenharia, sua profissão.
Fumiko Sugai morreu em 1975, foi uma mulher muito culta. Ela sabia tocar piano, lia e escrevia muito, dava aulas de como uma noiva deve se portar, dominava a arte milenar japonesa de arranjos florais, o ikebana e era formada, com diploma, na arte japonesa da Cerimônia do Chá. Apesar de sua rígida disciplina japonesa Fumiko também era muito progressista, promovia reuniões entre jovens para refletir e apreciar a música clássica, valorizava o cinema como manifestação cultural, e o freqüentava todo o fim de semana o que não era de costume fazê-lo, também discutia a relação do casamento com o seu marido toda a manhã, em um período em que casais não tocavam nesta questão, e foi colaboradora do Orfanato Elizabeth Sander’s Home, que acolhia órfãos da guerra (Segunda Guerra Mundial), entre tantas outras atividades.
Fumiko foi uma grande mulher em uma época em que as mulheres não tinham voz, ela tinha um sonho, o de que sua escola se perpetuasse, e é sua neta, Emilie Sugai, filha de Hyron Sugai, que pretende agora implantar no mesmo local onde ficava a Escola Lar das Crianças, uma instituição com fins sócio-culturais que priorize a formação das crianças e jovens no campo artístico. Isto tudo ocorrerá através de uma OSCIP e, em sua memória, terá o nome de Instituto Fumiko Sugai.
Escrito pelo bisneto Felipe Sugai Baudouin