Xogunato Ashikaga

De Nikkeypedia

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A Era dos Estados em Guerra

O imperador (tenno) e o comandante militar (xogun) foram as personalidades políticas dominantes em boa parte da história do Japão Medieval, época em que não havia centralização política ou administrativa e sim uma espécie de separação entre aquele que representava o poder divino (o Mikado) e o que exercia o poder secular (o governante do bakufu).

A partir do século XII, com a ascensão de Yoritomo Minamoto, após a guerra civil de Genpei, vencida por ele em 1185, o poder político passou a ser exercido diretamente pelo xogum. Todavia, a sua autoridade era permanentemente desafiada pelos daimyos, os senhores feudais que tinham os hans, os domínios, sob o seu controle.

A casta dominante dividiu-se, desde então, entre os cortesãos que compunham a kuge, a corte do imperador sediado em Kioto, e os guerreiros samurais, que obedeciam ao xogum o qual, depois de ter governado outras cidades, instalou-se em Edo (Tóquio).

O Japão, das tantas coisas que imitou a China, jamais aderiu ao tipo de administração conhecida como o regime dos Mandarins, pelo qual o imperador controla as províncias por meio de um funcionário seu, o mandarim, indivíduo selecionado através de um rigoroso concurso público.

Guerras endêmicas

Desembarque de mercadorias portuguesas em Nagasaki (Século XVI) Foi na época do xogunato Ashikaga, no século XV, que a crise de autoridade se aprofundou, ocasião em que vários chefes clânicos (Hogo, Takeda, Uesugui, Mori e Imagwa) entraram em guerra entre si para conquistar o poder absoluto.

Esse triste período da história nacional foi denominado como Sengoku-jidai, a Era dos Estados em Guerra, cuja primeira fase estendeu-se por mais de um século: entre 1467, ocasião do princípio da Guerra Onin, até a emergência de Oda Nobunaga como o novo “homem-forte” do país e o primeiro dos reunificadores, em 1568.

Entrementes, dois outros episódios importantes dessa época merecem atenção:

01) A sangrenta guerra travada entre dois poderosíssimos senhores-da-guerra, Takeda Shingen e Uesugi Kenshin, que acumulavam a chefia de seitas budistas rivais pelo controle da região central denominada Kawanakajima, onde estava a província de Shinano, o que os arrastou por um conflito no qual travaram-se cinco batalhas, uma guerra que perdurou por 12 anos, de 1553 a 1564.

02) A supressão da ordem dos sohei, monges guerreiros da seita de Ikko-ikki (a Liga dos Devotos), fanáticos adoradores de Buda. Formavam uma poderosa coligação de camponeses pobres , monges e ronins, samurais que haviam perdido sua posição e que haviam se rebelado, no século XV, na província de Kaga, contra o governo.

A seita chegou a tomar vários castelos, construindo o seu centro espiritual no Mosteiro de Enryakuji, situado no Monte Heiji, tendo Kioto aos seus pés. Coube ao daimyo Toyotomi Hideyoshi e ao xogum Tokugawa Ieyasu, contando com apoio local, darem um fim à independência que a seita possuía (Tokugawa ordenou o arraso de mais de 3 mil prédios, edifícios e templos controlados pela Ikko-ikki).

A exaustão dos contendores depois de quase um século de guerra, o empobrecimento e a miséria em que as ilhas se encontraram, facilitaram o caminho para que nos séculos seguintes um regime autoritário se impusesse: uma ditadura militar, bem mais forte do que o absolutismo europeu, intsalou-se no Japão: o Xogunato Tokugawa.

Na fase final do conflito, entre 1568-1600, três daimyos destacaram-se, os “Três Unificadores”: Oda Nobunaga (morto em 1582); Toyotomi Hideoshi (morto em 1598); e Togukawa Ieyasu (falecido em 1616). Eles, em etapas, conseguiram reunificar o Império dilacerado pela longa guerra civil destrutiva. A batalha derradeira foi a de Sekigahara travada no ano de 1600, ocasião em que Tokugawa Ieyasu, investido como Seii Taixogum, contando com o auxílio de 3 mil mosqueteiros, conseguiu derrotar o último rebelde.

Idade de Ouro do Samurai

Samurais em combates permanentes Exatamente por viverem em meio às guerras endêmicas, o prestígio dos espadachins atingiu as nuvens. Aquela fora a época de ouro dos samurais, pois eles se tornaram os instrumentos mais importantes à disposição dos daimyos para fazerem frente aos seus rivais.

Entre tantos, destacou-se o nome de Miyamoto Musashi (1584-1645), um duelista lendário por sua coragem e habilidade no uso das espadas, fundador de um estilo de esgrima, o Niten Ichiryu, que conseguiu sobreviver a incontáveis combates travados contra outros especialistas, seus rivais.

Ele se tornou uma figura emblemática, antecipando o que ocorreu com muitos dos guerreiros quando a paz se instalou, pois Musashi, após ter aposentado sua katana aos 50 anos de idade, escolhendo o castelo de Kunatomo como retiro, dedicou-se à pintura e à poesia, levando uma vida de homem cultivado.

Chegou a publicar um livro famoso, intitulado Gorin No Sho (O Livro dos Cinco Anéis: terra, água; fogo, vento e o vazio, de 1644), um manual estratégico de orientação para a luta, até hoje usado, o que fez com que o povo o chamasse de Kensei, "o santo da espada".

Organização do Xogunato

A organização do Xogunato A imposição da Paz Tokugawa, ao redor do ano de 1600, implicou a aceleração da política da reunificação nacional. O xogum vitorioso, após ter eliminado a turbulência dos senhores-da-guerra e das seitas insubmissas, introduzindo um governo centralizado ao redor do bakufu (palavra que originalmente significava acampamento, mas que se tornou sinônimo de governo), estabeleceu o império do bakuhan (xogunato e seus domínios).

Além disso, o xogum reforçou o sistema social hierárquico, criando normas restritas para cada profissão ou função. Vedou aos samurais praticarem o comércio, mas facilitou-lhes o acesso à administração, como gerentes qualificados e supervisores dos feudos.

Cada japonês, ao nascer, tinha uma função previamente determinada, fosse camponês, artesão, um desprezível mercador ou um guerreiro. Cada um deles tinha um vestuário próprio e um estatuto diferenciado dos demais. Foi como se o xogum tentasse congelar uma sociedade inteira num rígido e hierárquico quadro social.

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