Rioiti Uchida

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Rioiti Uchida conheceu o judô ainda muito garoto, em Tapiraí, município ao sudeste do Estado de São Paulo, onde nasceu e já criança trabalhava nas lavouras de chá. “Tínhamos uma casa na vila, mas íamos para a roça durante a semana e lá dormíamos em alojamentos. Só ficávamos em casa nos fins de semana. Eu não treinava judô, mas meus irmãos mais velhos, sim. Como a academia ficava no centro da cidade e nós trabalhávamos e morávamos na zona rural, era complicado ir para a academia. Eles eram mais velhos e podiam se virar sozinhos, de bicicleta. Eu só ia para vê-los treinar e isso quando podiam me levar. Assim comecei a gostar do judô.” Rioiti Uchida conheceu o judô ainda muito garoto, em Tapiraí, município ao sudeste do Estado de São Paulo, onde nasceu e já criança trabalhava nas lavouras de chá. “Tínhamos uma casa na vila, mas íamos para a roça durante a semana e lá dormíamos em alojamentos. Só ficávamos em casa nos fins de semana. Eu não treinava judô, mas meus irmãos mais velhos, sim. Como a academia ficava no centro da cidade e nós trabalhávamos e morávamos na zona rural, era complicado ir para a academia. Eles eram mais velhos e podiam se virar sozinhos, de bicicleta. Eu só ia para vê-los treinar e isso quando podiam me levar. Assim comecei a gostar do judô.”
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 +São quase quarenta anos dedicados ao judô, mas Uchida faz questão de dizer: “Não gosto de olhar para o passado; não lamento nem cultivo saudades”. Para Rioiti Uchida sensei, professor da academia Judô Alto da Lapa, apegar-se ao passado é desviar-se do presente e do futuro, prender-se a glórias ou fracassos que em vez de estimulá-lo pode agrilhoar seus passos. Talvez por isso, esse descendente de nipônicos, de pele mais acobreada do que alva, de riso fácil e semblante simpático, respeitável sem ser sisudez, tenha sido quinze vezes campeão mundial de kata (apresentação detalhada de movimentos de golpes) ao lado de seu parceiro, Luis Alberto dos Santos, com quem também ganhou quinze competições de kata disputadas em cinco pan-americanos.
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 +“Claro que todo professor quer que seus alunos vençam campeonatos. Eu não sou diferente. Mas tenho consciência de que há vitórias maiores do que campeonatos. Cada pessoa tem seus próprios limites, e minha função, como professor, é auxiliá-las a superá-los. Superar o próprio limite é a maior vitória que se pode alcançar, e a função do professor não é outra se não dar ferramentas ao aluno para que ele consiga.” Para Uchida, um grande competidor que não respeita esse princípio será apenas um grande competidor, mas não um grande judoca, não um judoca de verdade.
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 +Sensei Uchida fala com propriedade, não só porque conquistou tudo o que conquistou, mas porque nasceu para o caminho suave (tradução de judô) pelas mãos de um dos maiores competidores brasileiros da história do esporte: Chiaki Ishii, o primeiro medalhista olímpico do País. “O judô competitivo serve essencialmente para divulgar o esporte e a filosofia que há por trás dele. Acho que os grandes campeões têm com a arte marcial uma responsabilidade ainda maior.” Uchida quer dizer que um campeão não pode se assoberbar, não pode achar que vencer os rivais seja o maior mérito no esporte. “Quem ganha e quem perde têm a mesma importância. Se não houver quem caia, não haverá quem derrube.”
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 +Como competidor de shiai (luta), Uchida participou de torneios regionais e nacionais, como o metropolitano, o paulistano (do qual foi campeão), o paulista e o beneméritos (brasileiro por equipe), obtendo classificações importantes em todos. “Sensei Uchida, sempre demonstrou alta qualidade técnica nos treinos e competições, obtendo classificações em algumas das principais competições do Brasil”, afirma Rodrigo Motta, faixa-preta godan (quinto grau) e um dos mais antigos alunos de Uchida. E, ainda segundo Motta, poderia ter obtido muitas outras se não tivesse priorizado a carreira de professor, se não tivesse optado por ser o braço direito de Ishii, ministrando aulas na legendária Associação de Judô Ishii.

Revisão de 11:59, 22 Novembro 2010

Rioiti Uchida conheceu o judô ainda muito garoto, em Tapiraí, município ao sudeste do Estado de São Paulo, onde nasceu e já criança trabalhava nas lavouras de chá. “Tínhamos uma casa na vila, mas íamos para a roça durante a semana e lá dormíamos em alojamentos. Só ficávamos em casa nos fins de semana. Eu não treinava judô, mas meus irmãos mais velhos, sim. Como a academia ficava no centro da cidade e nós trabalhávamos e morávamos na zona rural, era complicado ir para a academia. Eles eram mais velhos e podiam se virar sozinhos, de bicicleta. Eu só ia para vê-los treinar e isso quando podiam me levar. Assim comecei a gostar do judô.”

Mas Uchida não tardaria a gostar do judô na prática, o que, contudo, não se daria sem antes muito sacrifício, como quase tudo em sua vida. “Eu acredito que quanto mais dificuldade se vive, melhor é, porque você se fortalece interiormente.” Aos quatorze anos veio para São Paulo para trabalhar no Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), no empreendimento de um primo. “Não sabia o que queria nem o que encontraria em São Paulo, mas achava que não podia ser menos do que tinha em Tapiraí. Por isso vim.” A rotina de trabalho de Uchida era dura, começava às oito horas da noite e terminava às oito horas da manhã, todos os dias.

A vida do futuro professor de judô seguia seu curso no popular comércio do Ceagesp sem que sentisse que fosse o rumo adequado ao seu temperamento, à sua visão de mundo que, embora ainda em formação, já tinha suas bases consolidadas. Sua perspectiva começaria a mudar quando aos dezenove anos reencontrou o judô, dessa vez não apenas como expectador, mas como praticante. A partir de então, terminado o expediente, às oito da manhã, Uchida seguia para a academia de Ishii na Rua Barão de Jundiaí, no bairro da Lapa. Não chegava cansado? “A gente já tinha se acostumado.”


O Suave Caminhar de um Professor

São quase quarenta anos dedicados ao judô, mas Uchida faz questão de dizer: “Não gosto de olhar para o passado; não lamento nem cultivo saudades”. Para Rioiti Uchida sensei, professor da academia Judô Alto da Lapa, apegar-se ao passado é desviar-se do presente e do futuro, prender-se a glórias ou fracassos que em vez de estimulá-lo pode agrilhoar seus passos. Talvez por isso, esse descendente de nipônicos, de pele mais acobreada do que alva, de riso fácil e semblante simpático, respeitável sem ser sisudez, tenha sido quinze vezes campeão mundial de kata (apresentação detalhada de movimentos de golpes) ao lado de seu parceiro, Luis Alberto dos Santos, com quem também ganhou quinze competições de kata disputadas em cinco pan-americanos.

“Claro que todo professor quer que seus alunos vençam campeonatos. Eu não sou diferente. Mas tenho consciência de que há vitórias maiores do que campeonatos. Cada pessoa tem seus próprios limites, e minha função, como professor, é auxiliá-las a superá-los. Superar o próprio limite é a maior vitória que se pode alcançar, e a função do professor não é outra se não dar ferramentas ao aluno para que ele consiga.” Para Uchida, um grande competidor que não respeita esse princípio será apenas um grande competidor, mas não um grande judoca, não um judoca de verdade.

Sensei Uchida fala com propriedade, não só porque conquistou tudo o que conquistou, mas porque nasceu para o caminho suave (tradução de judô) pelas mãos de um dos maiores competidores brasileiros da história do esporte: Chiaki Ishii, o primeiro medalhista olímpico do País. “O judô competitivo serve essencialmente para divulgar o esporte e a filosofia que há por trás dele. Acho que os grandes campeões têm com a arte marcial uma responsabilidade ainda maior.” Uchida quer dizer que um campeão não pode se assoberbar, não pode achar que vencer os rivais seja o maior mérito no esporte. “Quem ganha e quem perde têm a mesma importância. Se não houver quem caia, não haverá quem derrube.”

Como competidor de shiai (luta), Uchida participou de torneios regionais e nacionais, como o metropolitano, o paulistano (do qual foi campeão), o paulista e o beneméritos (brasileiro por equipe), obtendo classificações importantes em todos. “Sensei Uchida, sempre demonstrou alta qualidade técnica nos treinos e competições, obtendo classificações em algumas das principais competições do Brasil”, afirma Rodrigo Motta, faixa-preta godan (quinto grau) e um dos mais antigos alunos de Uchida. E, ainda segundo Motta, poderia ter obtido muitas outras se não tivesse priorizado a carreira de professor, se não tivesse optado por ser o braço direito de Ishii, ministrando aulas na legendária Associação de Judô Ishii.

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