Fazenda Tozan
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Fazenda em Campinas foi o primeiro empreendimento japonês para produção de artigos manufaturados no Brasil. | Fazenda em Campinas foi o primeiro empreendimento japonês para produção de artigos manufaturados no Brasil. | ||
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+ | Às vésperas de completar 210 anos, a '''Fazenda Tozan''' é uma importante referência histórica em Campinas, no Interior Paulista. Além de ter se transformado em ponto turístico, figura como o primeiro empreendimento japonês para produção de artigos manufaturados no Brasil - em 15 de novembro de 1934, a família '''Iwasaki''' fundou, no local, a '''Indústria Agrícola Tozan'''. | ||
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[editar] Império Tozan
Fazenda em Campinas foi o primeiro empreendimento japonês para produção de artigos manufaturados no Brasil.
Às vésperas de completar 210 anos, a Fazenda Tozan é uma importante referência histórica em Campinas, no Interior Paulista. Além de ter se transformado em ponto turístico, figura como o primeiro empreendimento japonês para produção de artigos manufaturados no Brasil - em 15 de novembro de 1934, a família Iwasaki fundou, no local, a Indústria Agrícola Tozan.
[editar] Primavera e Verão no Oriente
[editar] Churrasco japonês, com direito a shoyu e tudo
"Como o Brasil estava recebendo um grande número de imigrantes japoneses, nossa família resolveu investir na indústria alimentícia", conta o diretor-presidente da empresa, Toru Iwasaki, de 57 anos, nascido em Tóquio. A família já tinha propriedades rurais em países como Coréia, China e Indonésia, e o Brasil foi o último lugar a ser escolhido por eles para montar um negócio.
"Por um lado, essa iniciativa amparou os recém-chegados", afirma Toru. "Por outro, contribuiu muito para o desenvolvimento da comunidade local." Hoje, a Tozan fabrica vinagre e outros temperos, além dos já populares saquê, shoyu, arroz japonês e missô (pasta de soja).
A Fazenda Tozan foi concedida por sesmaria em 20 de novembro de 1798, ainda com o nome de Fazenda Ponte Alta, para o cultivo de cana-de-açúcar. A área, na época, era de 6.400 hectares. Em 8 de novembro de 1927, o tio-avô de Toru, Hisaya Iwasaki, comprou as terras da viúva de Álvaro Xavier de Camargo Andrade, neto do fundador da fazenda, Floriano de Camargo Penteado. Hisaya era filho de Yataro Iwasaki, criador do grupo Mitsubishi.
A fazenda foi batizada de Monte d’Este e, rapidamente, diversificou a produção. Além do café e da cana, passou a cultivar algodão, milho, arroz, feijão e árvores, além de criar gado. Hoje, 830 hectares ainda são ocupados com essas atividades. "Em 1929, o engenheiro agrônomo [[Kiyoshi Yamamoto], que veio do Japão para cuidar da fazenda, plantou eucalipto para reflorestamento. Foi chamado de japonês louco", conta Toru. Atualmente, porém, os visitantes podem apreciar as árvores quase centenárias na fazenda.
A Tozan também guarda marcas da Revolução Constitucionalista de 1932. Há, até hoje, a marca de uma bala disparada durante um conflito entre forças do Estado e da União. "É um documento datado de 24 de setembro de 1932, deixado por Yamamoto", diz Toru, apontando para a marca do projétil no teto do mirante.
Mudança
Toru veio pela primeira vez ao Brasil em 1974, como bolsista. Em Salvador, fez faculdade. "Foi onde aprendi a falar português", lembra. Na segunda visita, de 1982 a 1987, ele morou na Capital Paulista. Em 1994, veio e ficou de vez, para assumir o comando das fazendas do grupo. "Deixei a Mitsubishi para me dedicar à Tozan."
No Japão, a família tem uma fazenda de 3 mil hectares, ocupados com pinus, cidreira e gado leiteiro. "Aqui, as capivaras comem parte da plantação de cana. No Japão, quem devora a lavoura de milho são os ursos", brinca.
Toru é casado e tem dois filhos, mas a família mora em Tóquio, para onde ele faz questão de viajar todo mês. "Do Japão, sinto saudades da minha família." E qual é a melhor coisa do Brasil? "As pessoas." Perguntado se pretende voltar, responde: "Não consigo mais ir embora daqui."
[editar] A História do Instituto de Treinamento Agrícola
Localizada há 11 quilômetros de Campinas, a Fazenda Tozan inicia sua história em 1927, quando Hisaya Iwasaki, terceira geração da família Iwasaki', fundadora da Mitsubishi, compra a propriedade. Antes denominada Ponte Alta, a fazenda, que data de 1789, passou pelos ciclos da cana-de-açúcar e cultura cafeeira, incluindo a abolição da escravatura e o confisco durante a Segunda Guerra Mundial.
Na Fazenda Tozan, a produção foi diversificada englobando a produção agrícola e a criação de gado leiteiro. Dr. Kiyoshi Yamamoto, administrador da fazenda, em colaboração com o Centro de Pesquisa Agrícola de Campinas, colocou em prática as tecnologias mais avançadas da época. Merece destaque o experimento realizado com a vespa de Uganda, trazida diretamente da África, para o combate da broca dos cafezais. O resultado bem sucedido foi responsável pelo título de doutorado de Yamamoto, conquistado na Universidade de Tokyo, em 16 de novembro de 1950.
O artigo publicado no livro “Imigração Japonesa no Brasil – Meio Século após a II Guerra Mundial”, editado pela Comissão Comemorativa dos 50 Anos da Imigração Pós-Guerra, da Associação dos Imigrantes Japoneses no Brasil, afirma que o Instituto de Treinamento Agrícola da Fazenda Monte D’Este foi idealizado pelo Dr. Kiyoshi Yamamoto. Seu objetivo era passar aos jovens trazidos do Japão todos os conhecimentos adquiridos ao longo dos 30 anos na Fazenda Tozan, buscando formar especialistas em tecnologia agrícola.
Este procedimento, defendia Yamamoto, seria capaz de contribuir para a evolução da agricultura brasileira e, consequentemente, poderia crescer o respeito e a confiança dos brasileiros para com os japoneses, dando incentivo para a imigração japonesa ao Brasil.
Para aplicação de novas formas e tecnologias na agricultura era crescente a necessidade de líderes agrícolas, acreditava o administrador. Para tanto, com obstinação, a Fazenda Tozan passou a dedicar-se à organização do Instituto de Treinamento Agrícola, a despeito dos gastos e sacrifícios para lançar as bases dessa instituição.
Assim, graças à iniciativa do lado brasileiro, representado pela Fazenda Tozan, os ministérios da Agricultura e dos Negócios Estrangeiros do Japão, que apoiaram o projeto, e por meio da antiga Kaikyoren (Federação das Associações de Imigrantes no Exterior) foram realizados os exames para seleção dos candidatos ao Instituto.
Ao todo, foram três turmas, totalizando 60 jovens, de 18 a 25 anos, até que o governo brasileiro, vendo a prosperidade em sua agricultura decorrente das ações do projeto, desejou focar também na recepção de imigrantes voltados para a indústria visando trazer progresso para esse setor.
Kiyoshi_YamamotoSobre o conteúdo do treinamento, com duração de cerca de um ano, havia aulas de língua portuguesa ministradas por uma professora brasileira (Dona Maria) e estudiosos destacados da comunidade nipo-brasileira como Tomoo Handa e Ando Zempati. Também, aulas sobre geografia do Brasil com Tsunezo Sato e sobre história da imigração japonesa com Hiroshi Saito. Dr. Yamamoto se encarregou de ministrar aulas sobre temas relacionados à agricultura, que envolviam aspectos práticos sobre plantação e construção de celeiros, currais, depósitos, entre outros temas. Ao finalizar o curso, os alunos tiveram a oportunidade de visitar outros Estados do Brasil.
O artigo indica ainda que, terminado o período de estudos, cada estagiário tomou rumos distintos. Dos 60 jovens, 27 deles foram atuar junto às cooperativas agrícolas. Cinco deles juntaram-se às associações de imigrantes, com a incumbência de orientar aqueles que chegavam ao país sem a menor experiência de agricultura brasileira. Vários deles, com a constituição da ABETA (Associação Brasileira de Estudos Técnicos da Agricultura), participaram do conselho de pesquisa agrícola, dividindo-se em diferentes especialidades. Dentre esse grupo, alguns se dedicaram ao ramo da pesca e reprodução de peixes, outros dedicaram-se ao ensino nas universidades, lecionando e incentivando as pesquisas de campo. Também, dois deles se tornaram padres da Igreja Católica.
Motohashi, em sua saudação como representante dos estagiários, referiu-se ao velho ditado “o velho soldado não morre, apenas desaparece”. Explicou: “alguns dos estagiários ainda estão na ativa, porém, a maioria, dada a própria idade, está se afastando do front, mas a maioria dos estagiários constituiu família e está firmemente enraizada no Brasil. Assim, os trabalhos deixados pelo ‘velho soldado’ certamente serão herdados e terão continuidade”.