Roberto Shinkai
De Nikkeypedia
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[editar] UM BREVE RELATO DA MINHA FAMÍLIA (新海)
[editar] INTRODUÇÃO
MOTIVO DA VINDA DOS SHINKAI
A família Shinkai possuía vasta plantação de Sugui, que mesmo na época era muito valorizada. Dizia os tios que bastava cortar um deles para obter renda suficiente para mandar um filho até a faculdade. Entretanto o avô Hambei que não gozava muito da saúde, sempre deixou que a avó Toseko assumisse as rédeas nos trabalhos de casa na agricultura e ele mais se dedicava em políticas da região assumindo liderança e responsabilidade na decisão da comunidade. Em meio a tudo isso ele um dia foi fiador de uma pessoa e ele teve que arcar com o pagamento que a pessoa não fez e perdeu quase tudo que os antepassados haviam construídos até então. A vovó Toseko não agüentando a vergonha de ter perdido tudo na geração dela e sentindo necessidade de recuperar a fortuna que havia perdido decidiu arriscar na oportunidade que aparecera que foi a de imigrar em busca do SONHO DOURADO. O Sr. Ide Soobei que ganhou uma fortuna no cultivo de batatinhas nos EUA, comprou 100 alqueires de terra no Brasil. O seu sobrinho Ide Sekio ganhou os 30 alqueires e mais seis famílias cada qual adquiriram 10 alqueires respectivamente, todos com o mesmo objetivo vieram para o Brasil em busca de sucesso. (1 alqueire equivale aproximadamente 25 hectares):1. Ide Sekio (sobrinho)...30 alqueiros, 2. Ide Fukashi (irmão)...20 alqueiros, 3. Igami Izumi...10 alqueiros, 4. Ide Eiji (irmão mais novo do primo da avó Toseko)...10 alqueiros, 5. Shinkai Hambei (meu avô)...10 alqueiros, 6. Kawakami Washiro...10 alqueiros, 7. Ide Mitsuo...10 alqueiros. Estes são os famosos “SHICHIKEN GUMI” que a vovó Toseko sempre se referia. Não tenho relato do que a minha família e as outras seis famílias faziam em Aliança. Penso que como todo imigrante deve ter cumprido um contrato de trabalho.
Meu pai Riuji Shinkai era o segundo filho, desde cedo preocupado com o estudo, pois no Japão se preparava para fazer faculdade de medicina, viu que naquela fazenda não teria futuro, foi para São Paulo Capital estudar e se formou em cirurgião dentista anos após ter trabalhado na fazenda.
[editar] HISTÓRIAS QUE OUVI POR TODA INFÂNCIA
Meu pai Riuji casou pela primeira vez com uma issei igual a ele, Kimie, em São Paulo, tiveram dois filhos Riutaro e Riuko. Depois veio para Belém-PA, trabalhou como cirurgião dentista e teve muito sucesso na colônia japonesa local, hoje em dia ainda é lembrado pela qualidade de implante dentário que o mesmo fazia, ouço elogios dele até hoje dos isseis ainda vivos no Estado do Pará.
Depois conheceu minha mãe Maria de Nazaré, descendente de portugueses e italianos, casaram e tiveram sete filhos, Carlos, Rubens, Ricardo, Reinaldo, Reginaldo, Roberto e Reiko.
Meu avô e minha avó não os conheci, pois morreram cedo. Minha avó era muito inteligente, culta e de uma moral refinada pouco encontrada hoje em dia, descendente dos Ueda, sua avó era a Princesa Ryu descedente da família Tokugawa casou com um comerciante de sake da família Ueda de onde minha avó descende, o Sr. Mitsugu Ueda publicou no japão a história dos meus antepassados num livro sobre a vila de Kawakami. Meu avô Hambei é descedente de Samurai e a armadura de seu ilustre ancestral fica em exposição no Castelo de Osaka. Meu avô fundou e foi um dos Presidentes da Associação Nipo-Brasileira de Rolândia-PR, tem sua foto na parede daquela associação até hoje. Meu pai Riuji, sempre dizia: O tigre deixa a sua pele para posterioridade. O ser humano deixa o nome. Por isso, o nome Shinkai estará gravado para sempre na história da imigração.
Minha única tia era enfermeira na Santa Casa de São Paulo, devido a um acidente automobilístico, a mesma foi atropelada quando saía do serviço, teve sérios problemas mentais após isso e ficou internada um tempão em um hospital psiquiátrico do Juqueri e morreu por lá.
Meu tio mais velho morreu cedo, também com problemas psiquiátricos, teve dois filhos Azuma e Marie, meu primo Azuma se formou pelo ITA de São José dos Campos e hoje é engenheiro aposentado e vive lá até hoje com dois filhos. Minha tia Marie teve dois filhos e mora em Belém até hoje. Eles foram os primeiros a vir para o Pará, devido ao sucesso da plantação e exportação da pimenta-do-reino, depois veio meu Pai e sua primeira esposa Kimie que também era dentista assim como meus dois irmãos mais velhos por parte de pai. Meu pai ajudou a fundar o Hospital Amazônia de Belém e a Associação nipo-brasileira de Belém, ambos relacionados com o Japão até hoje. Meu tio Seigo era protético e trabalhou com meu pai até sua morte. Depois meu tio trabalhou com meu Irmão até se aposentar.
Meu tio Seigo, era o quinto filho e foi durante toda minha infância e adolescência minha referência do Japão, me contou suas histórias quando trabalhou no Mato Grosso de peão numa fazenda e que tentou ser kamikaze na Segunda Guerra Mundial, tendo desistido pois não conseguiu passar pela fronteira do Brasil com o Paraguai. Era fotógrafo além de protético, fazia as fotos oficiais das visitas ilustres do Japão no Bunkyo de Belém. Tinha uma mente incrível e um senso de honestidade rara nos dias de hoje, praticamente minha referência paterna, pois meu pai morreu aos 63 anos e eu tinha apenas cinco anos de idade.
Meu tio Seigo nunca me abandonou a mim e meus irmãos sempre do nosso lado para garantir a continuidade da cultura milenar japonesa que corre no meu sangue e no sangue dos meus irmãos. Morreu aos 88 anos de idade, infelizmente eu estava em São Paulo na época fazendo especialização médica.
[editar] MEUS IRMÃOS E EU
Meu irmão Riutaro se formou em odontologia, minha irmã Riuko se formou em Direito, meus irmãos todos se formaram, Direito dois, Medicina apenas eu, Engenharia Elétrica, Administração, Contabilidade e Cinema.
[editar] MINHA FAMÍLIA
Morei 7 anos em Tomé-Açu/PA, sou casado e minha esposa é psicóloga se chama Mariá Shinkai, minhas filhas se chamam Roberta Mayumi e Rafaela Sayuri, a minha filha mais velha ganhou o concurso nacional de SHUJI de 2008, minha filha mais nova tem Autismo, uma doença rara, que afeta a linguagem verbal e a interação social. Fundamos uma APAE em Tomé-Açu para ajudar crianças com esses problemas e outros problemas mentais. Vivi numa colônia de japoneses em Tomé-Açu, e como Nikkei fundei uma Associação de Kendo e Iaido de Tomé-Açu.
Hoje moro em Castanhal/PA, onde trabalho na minha área de ginecologia-obstetrícia, sou professor universitário da Universidade Federal do Pará e ministro aulas práticas na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará e Hospital Universitário Bettina Ferro.