Roberto Shinkai

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Conteúdo

UM BREVE RELATO DA MINHA FAMÍLIA (新海)

INTRODUÇÃO


Minha família Shinkai (新海) tem origem em Nagano-Ken, meus Avós, Hanbe Shinkai e Toseko Shinkai, chegaram em Santos aproximadamente em 1939, de lá foram para Araçatuba, interior, com seis filhos, cinco homens e uma mulher, trabalhar em uma fazenda de café.



Meu pai Ryuji Shinkai era o segundo filho, desde cedo preocupado com o estudo, pois no Japão se preparava para fazer faculdade de medicina, viu que naquela fazenda não teria futuro, foi para São Paulo Capital estudar e se formou em cirurgião dentista anos após ter trabalhado na fazenda. Meu tio mais velho, não me recordo o nome, comprou terras no norte do Paraná, e lá meu avô e ele desbravaram uma terra com floresta densa e tiveram dificuldades por lá, chegaram a criar porcos para venda, mas logo foram para a capital paulista.



HISTÓRIAS QUE OUVI POR TODA INFÂNCIA


Meu pai Ryuji casou pela primeira vez com uma issei igual a ele, Kimie, em São Paulo, tiveram dois filhos Ryutaro e Ryuko. Não dando certo seu casamento, veio para Belém-PA, trabalhou como cirurgião dentista e teve muito sucesso na colônia japonesa local, hoje em dia ainda é lembrado pela qualidade de implante dentário que o mesmo fazia, ouço elogios dele até hoje dos isseis ainda vivos no Estado do Pará.


Conheceu minha mãe Maria de Nazaré, descendente de portugueses e italianos, casaram e tiveram sete filhos, Carlos, Rubens, Ricardo, Reinaldo, Reginaldo, Roberto e Reiko, a única a receber nome japonês.


Meu avô e minha avó não os conheci, mas morreram cedo, provavelmente de câncer. Minha avó era muito inteligente, descendente dos Ueda, sua avó era uma das princesas daquele feudo e no seu casamento recebeu um dote muito bom.



Meu avô Hanbe é descendente de Inoue Shinkai um samurai que tem sua armadura em Osaka-jô (Castelo de Osaka) nela está a MOM da nossa família. Devido a guerra Japão e Rússia minha família veio parar no Brasil.

Minha única tia era enfermeira na Santa Casa de São Paulo, devido a um acidente automobilístico, a mesma foi atropelada quando saía do serviço, teve sérios problemas mentais após isso e ficou internada um tempão em um hospital psiquiátrico e morreu por lá.

Meu tio mais velho morreu cedo, teve dois filhos Azuma e Marie, meu primo Azuma se formou pelo ITA de São José dos Campos e hoje é engenheiro aposentado e vive lá até hoje com dois filhos. Minha tia Marie teve dois filhos e mora em Belém até hoje. Eles vieram morar com meu pai em Belém, assim como meus dois irmãos mais velhos por parte de pai. Meu pai ajudou a fundar o Hospital Amazônia de Belém e a Associação nipo-brasileira de Belém, ambos relacionados com o Japão até hoje. Meu tio Seigo era protético e trabalhou com meu pai até sua morte. Depois meu tio trabalhou com meu Irmão até se aposentar.

Meu tio Seigo, era o quinto filho e foi durante toda minha infância e adolescência minha referência do Japão, me contou suas histórias quando trabalhou no Mato Grosso de peão numa fazenda e que tentou ser kamikaze na Segunda Guerra Mundial, tendo desistido pois não conseguiu passar pela fronteira do Brasil com o Paraguai. Era fotógrafo além de protético, fazia as fotos oficiais das visistas ilustres do Japão no Bunkyo de Belém. Tinha uma mente incrível e um senso de honestidade rara nos dias de hoje, praticamente minha referência paterna, pois meu pai morreu aos 63 anos e eu tinha apenas cinco anos de idade.


Meu tio Seigo nunca me abandonou a mim e meus irmãos sempre do nosso lado para garantir a continuidade da cultura milenar japonesa que corre no meu sangue e no sangue dos meus irmãos. Morreu aos 88 anos de idade, infelizmente eu estava em São Paulo na época fazendo especialização médica.










MEUS IRMÃOS E EU

Meu irmão Ryutaro se formou em odontologia, minha irmã Ryuko se formou em Direito, meus irmãos todos se formaram, Direito dois, Medicina apenas eu, Engenharia Elétrica, Administração, Contabilidade e Cinema.



MINHA FAMÍLIA

Hoje vivo em Tomé-Açu/PA, sou casado e minha esposa é psicóloga se chama Mariá Shinkai, minhas filhas se chamam Roberta Mayumi e Rafaela Sayuri, a minha filha mais velha ganhou o concurso nacional de SHUJI de 2008, minha filha mais nova tem Autismo, uma doença rara, que afeta a linguagem verbal e a interação social. Fundamos uma APAE nesse município para ajudar crianças com esses problemas e outros problemas mentais. Vivo numa colônia de japoneses em Tomé-Açu, e como Nikkei fundei uma Associação de Kendo e Iaido de Tomé-Açu onde ensino crianças da comunidade Nikkei a praticar esses esportes de origem japonesa.


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