Iaidô

De Nikkeypedia
Mestre do Iaidô em demonstração.
Apresentação de Iaidô.

Iaidô (居合道) é a arte marcial japonesa do desembainhar da espada. Também chamado Iaijutsu (居合術), Battôjutsu (抜刀術), Saya-no-uchi 鞘ノ内, Nuki 抜き・居合 e Yore 乱曲. Consiste em conjuntos de Katas, técnicas ou movimentos que permitem ao praticante reagir de forma apropriada a determinadas situações.

Não se deve confundir Iaidô com Kendô(剣道) ou Kenjutsu(剣術).

Breve Histórico

As Origens do Iaidô

A tradição e história do iaidô remontam cerca de 500 anos. O iaidô, como é conhecido atualmente, começou, provavelmente, com Iizasa Choisai, o fundador do estilo Tenshin Shoden Katori Shinto Ryu. Essa escola incluía em seu currículo a prática com vários tipos de armas, desde o uso da Katana e do bastão Jo, do arremesso de faca e de Naginata. Uma parte de seu currículo consistia na técnica de desembainhar rápido e golpear imediatamente com o uso de espadas, ou seja, Iai. Essa técnica era usada para autodefesa ou ataque preventivo.

Pontos de ataque .

Ao longo da história diferentes expressões foram utilizadas para se referir às técnicas do saque da espada durante o combate. Durante o Período Muromachi (1392-1572) era chamado de battojutsu. No período Edo ficou conhecido como Iaijutsu."nakamura"Predefinição:Citar web</ref>

É reputado a Hayashizaki Jinsuke Shigenobu (1542-1621), como em toda Arte Marcial, ter recebido inspiração divina para o desenvolvimento de sua técnica, assim como Iizasa Choisai. Inspiração essa que o levou a desenvolver um conjunto de técnicas que denominou Muso Shinden Jushin Ryu Batto Jutsu. Aqui, a palavra Batto significa simplesmente desembainhar a espada.

O fator comum relevante em ambas às tradições (escolas) ou Ryu, assim como em muitas outras tradições que lidavam com katana, era que suas práticas envolviam somente o uso de katas, sempre preconizando adversários imaginários em seus treinos.

A origem do termo Iaidô

Musō Shinden Ryū.

A criação do termo Iaidô é atribuída à Nakayama Hakudo (1869-1952), o fundador do estilo Musō Shinden Ryū.

A denominação atual de iaidô é amplamente usada no meio marcial, em publicações especializadas japonesas<ref>(Japonês) Revista Kendo Nippon: Páginas 83,84, jul/2004 "Iaido Dojo"]</ref> e em eventos oficiais para se referir genericamente à todas escolas, antigas e modernas, que ensinam o iai. Porém existem críticos à esta denominação, como o mestre Nakamura Taizaburo (1912-2003) considerando mais correto utilizar o termo battodo, ou iai-battodo<ref name="nakamura"/>.

Ainda assim, atualmente o termo iaidô é amplamente usado para referenciar a prática do Iai tanto nos Koryu quanto nos sistemos modernos, como Seitei Iai (制定居合) e Toho Iai.

Breve histórico do Iaidô no Brasil

O início da prática do iaidô, no Brasil é incerta. Porém, um ‘marco’ do início da era moderna do Iaidô no Brasil foi a chegada de dois senseis do Japão no Brasil. Primeiramente Asahi Sensei, em meados da década de 1970, e posteriormente Nakakura Sensei. Este último realizou o primeiro exame de graduação de iaidô no Brasil.

O Seitei Iaidô é praticado no Brasil a partir da década de 1980, destacando os Dojos filiados à CBK, como ACEP e Saga. Nesses Dojos podemos destacar o trabalho realizado pelos Senseis Yoshiaki Kishikawa, Mitiko Kishikawa, Jorge Kishikawa, Roberto Kishikawa e Tadashi Tamaki.

Sensei Jorge Kishikawa (7° Dan Kyoshi em Kendô, Menkyo Kaiden no estilo Niten Ichi Ryu e Shidosha no estilo Tenshin Shoden Katori Shinto Ryu) estudou por mais de uma década, durantes idas anuais ao Japão, com os Senseis Tadatoshi Haga e Tsunemori Kaminoda. Sensei Haga é 8º dan Hanshi de Kendô, 8º dan Hanshi de Seitei Iaidô e Shihan do Muso Shinden Ryu. Na FIK (Federação International de Kendô)é considerado "Mestres dos Mestres" do Iaidô. Sensei Kaminoda é 8ºdan Hanshi de Seitei Iaidô e Shihan do estilo Musho Shinden Ryu.

Em 1993 o Sensei Jorge Kishikawa funda e inicia a divulgação do iaidô através do Instituto Cultural Niten, chegando posteriormente até a Argentina e Chile. Os principais estilos praticados atualmente são Suio Ryu, Muso Shinden Ryu, Tenshin Shoden Katori Shinto Ryu e Sekiguchi Ryu.

A partir do final da década de 1990, a CBK passa a receber senseis japoneses no Brasil. Destacando-se entre eles Tomoharu Ito Sensei (8º Dan Kyoshi de kendo e de Seitei Iaidô), que desde então já esteve no Brasil três vezes para ministrar treinamentos e participar de bancas examinadoras.

Pela Confederação Brasileira de Kobudô (CBKob), esteve no Brasil em duas ocasiões (2002 e 2005), o Sensei Kaminoda Tsunemori (Presidente da Nihon Jodokai e 8º Dan Hanshi de Jodô e Seitei Iaidô).

Em 2003 veio morar no Brasil o sensei japonês Toshihiko Tsutsumi (6º Dan Renshi em Seitei Iaidô e 5° Dan em kendô), sendo atualmente o praticante mais graduado em Seitei Iaidô na CBK. Seu Sensei foi um dos últimos 9° Dan do Japão e aluno direto de Hakudo Nakayama.

A partir de 2004, através do trabalho realizado pelo Sensei Ichitami Shikanai diversos Dojos filiam-se à CBK para a prática exclusiva do Iaidô. O Sensei Ichitami Shikanai, ainda no Japão, foi apresentado a Omura Tadaji, discípulo de Hakudo Nakayama, com quem estudou durante 3 anos. Atualmente o Sensei Ichitami Shikanai é Presidente e Supervisor do ARJ (Aikido Rio de Janeiro) e estudioso dos estilos Shinto Muso Ryu Jo (okuiri) e Muso Shinden Ryu.

A partir de 2007 o Sensei Jorge Kishikawa se desligou da CBK, focando a divulgação dos estilos de koryu, na CBKob. Sob a supervisão da CBKO, estima-se cerca de 800 praticantes de iaidô no Brasil (dados de abril de 2007).

A partir de 2007, com a ajuda de Tsutsumi Sensei, a CBK passa a realizar anualmente seminários e ao menos um exame de Seitei Iaidô.

Seitei Iaidô

Instituído no ano de 1968 pela FJK (Federação Japonesa de Kendô), com demonstração pública no Kyoto Taikai, e atualmente regulamentado em âmbito internacional pela FIK, o Seitei Iai é um conjunto de Katas estabelecido para a prática do Iai.

Em sua origem era composto por sete Katas, posteriormente foram adicionados mais três Katas em 1980, e mais recentemente foram acrescentados mais dois Katas (em 2000). Os estilos Musō Jikiden Eishin Ryū (無双直伝英信流), Musō Shinden Ryū (夢想神伝流) e Hōki Ryū (伯耆流) foram os que mais influenciaram o Seitei Iaidô.

Katas de Seitei Iaidô

A lista dos Katas do Seitei Iai são, em ordem:

  1. Mae 前 (frente)
  2. Ushiro 後 (trás)
  3. Uke-nagashi 受け流し (receber e deixar fluir)
  4. Tsuka-ate 柄当て (atingir com o cabo da espada)
  5. Kesa-giri 袈裟切り (corte ao kesa) *kesa => estola budista
  6. Morote-zuki 諸手突き (estocada com duas mãos)
  7. Sanpō-giri 三方切り (corte em três direções)
  8. Ganmen-ate 顔面当て (atingir o rosto)
  9. Soete-zuki 添え手突き (estocada com a mão apoiada)
  10. Shihō-giri 四方切り (corte em quatro direções)
  11. Sō-giri 惣切り (corte contínuo)
  12. Nuki-uchi 抜打ち (saque cortante)

Os katas de nº1 a nº3 são realizados em seiza 正座, ou seja, sentado formalmente. O kata nº4 é realizado em tatehiza 立膝, a forma de se sentar quando se está com armadura (yoroi-kacchû 鎧甲冑). Os demais katas são feitos em pé.

Campeonatos de Seitei Iaidō

Os campeonatos, são feitos como os campeonatos de Kata de Karatê, ou seja, dois competidores executam 5 katas, dois do Koryu que praticam de escolha pessoal e 3 de Seitei Iaidō escolhidos pela banca, que serão executados em comum. 3 juízes (sendo um principal e dois auxiliares) dão o veredito levantando as bandeiras da cor representativa (vermelha ou branca) do competidor que cada um entendeu que executou melhor os Kata. A prova deve durar um mínimo de 5 e um máximo de 6 minutos, qualquer coisa fora deste tempo acarreta em desclassificação automática.

Toho Iaidô

A Federação Japonesa de Iai (ZNIR, Zen Nihon Iaido Renmei) possui um conjunto padronizado de cinco katas denominado Toho Iaidô. É, em essência, o equivalente desta federação ao Seitei Iaidô da FIK. Os cinco katas citados acima advém de cinco diferentes estilos:

  • Maegiri - Musō Jikiden Eishin Ryu
  • Zengogiri - Mugai Ryu
  • Kiriage - Shindō Munen Ryu
  • Shihôgiri - Suio Ryu
  • Kissakigaeshi - Hoki Ryu

Iaidô Koryu

Refere-se aos estilos estabelecidos antes de 1868, o ano da Restauração Meiji e que possuem técnicas de Iai em seu currículo.

As técnicas de Iai vinham de séculos antes, estando presentes em estilos mais antigos como o Tenshin Shoden Katori Shinto Ryu, fundado no século XV.

Porém a importância de Hayashizaki Jimsuke Minamoto-no-Shigenobu, no século XVI, é inegável, dada a grande popularidade que o iai alcançou no Período Edo (1603-1867). Grande parte dos estilos existentes ainda hoje de iai tem como raiz o Muso Hayashizaki Ryu, seu estilo original.

As técnicas de saque da espada são bastante antigas, mas a maior parte das conhecidas atualmente foram (re)concebidas por Hayashizaki. Assim sendo, é comum se aceitar que ele foi o "criador" do Iai, mas o mais correto seria afirmar que ele é o Chûkô no So 中興の祖, um "revitalizador" da arte.

Dentre estilos anteriores Hayashizaki que possuem técnicas de Iai merece destaque o Tenshin Shoden Katori Shinto Ryu, o mais antigo estilo existente. A existência de técnicas no Katori Shinto Ryu atesta sua antiguidade e importância ainda antes do período Edo.

Os dois estilos mais difundidos na atualidade são: Musô Jikiden Eishin Ryu 無双直伝英信流, Musô Shinden Ryu 夢想神伝流. Outros estilos difundidos no Japão e no ocidente são Suio Ryu, Tamiya Ryu , Sekiguchi Ryu , Katori Shinto Ryu e Hoki Ryu.

Tenshin Shoden Katori Shinto Ryu

Predefinição:AP

O Tenshin Shoden Katori Shinto Ryu (天真正伝香取神道流)É o mais antigo estilo de Kobudo existente. Foi fundado por Iizasa Chosai Ienao há aproximadamente 700 anos.

Possui 16 katas de Iai em seu currículo, divididas em três conjuntos:

  1. Omote no iai : 6 katas
  2. Tachiai Battojutsu : 5 katas
  3. Gokui no iai: 5 katas

O Sensei Jorge Kishikawa é Shidosha (mestre) e representante do estilo na America do Sul.<ref name="tsksr">Predefinição:Citar web</ref>.

Estes katas são demonstrados anualmente ao publico em geral, no Dia do Samurai (24 de abril),instituído em São Paulo e Paraná, na data de seu aniversário.

Suio Ryu

Arquivo:Suio-ryu-Kumiai.jpg
Suio Ryu

Predefinição:AP

O Suio Ryu Iai Kenpo 水鷗流 居合 剣法 foi fundado por Mima Yoichizaemon Kagenobu (1577-1665), que em sua juventude estudou o estilo Muso Hayashizaki Ryu, além de técnicas de Naginata dos Yamabushi (guerreiros das montanhas).

No Suio Ryu, além das técnicas de Iai executadas solo, também se pratica o Kumi Iai, katas de Iai executados em duplas. Visa a aplicação direta do iai em combate.

O 15° Soke é o mestre Katsuse Yoshimitsu. Atualmente o estilo continua sendo praticado no Japão, Brasil, Argentina, Chile, Estados Unidos e Europa.

Na America do Sul o estilo é representado por Jorge Kishikawa, discípulo do Soke Katsuse Yoshimitsu.<ref name="suiosite">Predefinição:Citar web</ref>

Sekiguchi Ryu

Sekiguchi Ryu


O Sekiguchi Ryu Iai 関口流 é um estilo de Kobudo desenvolvido no Japão feudal há 400 anos.

Foi fundado orinalmente como um estilo de Jujutsu (técnicas de combate desarmadas) por Sekiguchi Yarokuemon Ujishin. Seu filho mais velho, Sekiguchi Ujinari, foi seu sucessor, e adicionou as técnicas de espada, que constituíram o Iai do estilo.

Durante o período Tokugawa, o Sekiguchi Ryu se difundiu por todo o Japão. Posteriormente, o estilo se dividiu, sendo que o Sekiguchi Ryu Jujutsu mantém as técnicas de mãos vazias (mas ainda praticando uma pequena parte das técnicas de espada) e o Sekiguchi Ryu Iai, que ensina o currículo completo das técnicas armadas da escola.

O Sekiguchi Ryu Iai chegou ao século XX através do 14° Soke (grão mestre), Aoki Kikuo (também Soke do estilo Niten Ichi Ryu).

Atualmente o estilo se encontra representado por discípulos de Aoki Soke, como o Shihan Gosho Motoharu, Yoshimoti Kiyoshi e Yonehara Kameo (15° Soke).<ref>(Japonês) Revista Kendo Nippon, Set/2007: Páginas 62-65 ""武の道 - 歩む歓び"; Ikeda Kiyonori</ref>

O estilo se encontra razoavelmente bem difundido no Japão e no Ocidente. No Brasil é ensinado pelo Sensei Jorge Kishikawa, que é discípulo do Shihan Gosho Motoharu nos estilos Niten Ichi Ryu<ref name="nitensite">Predefinição:Citar web</ref> e Sekiguchi Ryu<ref>O Livro dos Cinco Anéis, Gorin no Sho, Editora Conrad, 1ª Edição de Dezembro de 2006: Páginas 10-13,166-167, Miyamoto Musashi, com Apresentação do Shihan Gosho Motoharu, Introdução e Revisão Técnica do Sensei Jorge Kishikawa</ref>.

Musō Shinden Ryū

Esta escola descende diretamente de Hayashizaki Jinsuke Minamoto no Shigenobu, por ser uma derivação do estilo Musô Jikiden Eishin Ryu.

O Musō Shinden Ryū 夢想神伝流 foi um estilo criado por Nakayama Hakudō (1869-1952) no início do século XX, foi originalmente chamado Musō Hayashizaki Ryū. Pode-se traduzir Musō-Shinden como uma escola "transmitida em sonho por divindade." ou "inspirada por sonho divino." ou "transmitida por visão divina."

Hakudo Nakayama, devido a sua diversificada experiência em técnicas de esgrima, seu estilo, inicialmente, ostentou um desorientador arranjo de técnicas. Então ele desenvolveu um currículo estruturado dividido em shoden (curso primário), chuden (curso intermediário) e okuden* (curso superior) e Nakayma-sensei franqueou as técnicas a todas as pessoas interessadas. (antes só pessoas altamente recomendadas poderiam estudar seu estilo).

Ela se divide em 3 níveis: Shoden (básico) com 12 formas, Chuden (intermediário) com 10 formas e Okuden (formas profundas), este subdivide-se em: Tate Hiza No Bu com 8 formas, Tachi no Bu com 10 formas e Seiza No Bu 3 formas.

Arquivo:Iaijutsu.jpg
Demonstração (Comemoração do Dia do Samurai - São Paulo/2007)
  • Shoden Ômori Ryu: 12 Katas.
  • Chuden Hasegawa Eishin Ryu: 10 Katas.
  • Okuden : 24 Katas

No Brasil um dos grandes conhecedores desse estilo é o Sensei Toshihiko Tsutsumi, que treinou com alunos diretos de Nakayama Hakudō.

Outros Koryu

  • Tamiya Ryu 田宮流
  • Hôki Ryu 伯耆流
  • Kageyama Ryu 影山流
  • Kanshin Ryu 貫心流
  • Mugai Ryu 無外流
  • Rikishin Ryu 力信流
  • Risshin (Tatsumi) Ryu 立身流
  • Seigô Ryu 制剛流
  • Shinkage Ryu 新影流
  • Shinmusô Hayashizaki Ryu 神夢想林崎流
  • Suihasu Ryu 水蓮流

Organizações

Por ser iaidô um termo amplo que abrange uma ampla gama de práticas, estilos e associações, existem difersas organizações que congregam os praticantes.

Seitei Iaidô

As atividades do Seitei iaidô são mundialmente regidas e regulamentadas pela FIK (Federação Internacional de Kendô), fundada em 1970 e sediada no Japão. Até 2008 haviam filiados na FIK 47 entidades representantes de países.<ref name=FIK>Predefinição:Citar web</ref>

No ano de 2006 a FIK passou a ser membro da General Association of International Sporting Federations (GAISF), entidade máxima do esporte mundial, que inclui outras entidades como FIFA, FIBA, FIVB, Federações Internacionais de Aikido, Judo, Jujitsu, Karate.<ref name=GAISF>Predefinição:Citar web</ref>

No Brasil o representante da FIK é a CBK (Confederação Brasileira de Kendô), reconhecida também pelo Ministério dos Esportes<ref name="Filiados da FIK">Predefinição:Citar web</ref> como entidade reguladora da prática do iaidô, kendô e jodô.<ref name="Filiados da FIK">Predefinição:Citar web</ref>

Nos últimos anos vem crescendo muito a prática do iaidô em Dojos de Kendô filiados à CBK em diversos estados do Brasil, como São Paulo, Rio de Janeiro, Pará, Bahia, Espírito Santo, entre outros.<ref>Predefinição:Citar web</ref> Existem também entidades filiadas à CBK exclusivamente para a prática do iaidô, como a ARJ (Aikido Rio de Janeiro).

Em Portugal a representante da FIK é a Associação Portuguesa de Kendô (APK), que também promove a prática do iaidô.

Em todos os Dojos de entidades ligadas à FIK é amplamente estimulado que os praticantes aprendam também estilos tradicionais (koryu), visto que nos exames é obrigatória a demonstração de ao menos 2 Katas de Iaidô Koryu, além dos Katas de Seitei Iaidô. Um dos estilos mais praticado é o Muso Shinden Ryu, devido a sua estreita ligação com o Seitei Iaidô.

Toho Iaidô

O Toho Iaidô é organizado pela Federação Japonesa de Iaidô (ZNIR, Zen Nihon Iaidō Renmei, fundada em 1948).

Iaidô Koryu

Cada estilo possui sua própria organização. No Japão existe a Nihon Kobudô Kyokai, que congraga os praticantes dos etilos clássicos não só de iaidô, mas do kobudô em geral. A Nihon Kobudô Kyokai tem também o objetivo de validar os dados históricos dos estilos, certificando ou não a linhagem das escolas em questão.

No Brasil existem diversos membros da Nihon Kobudo Kyokai associados à Confederação Brasileira de Kobudô. São membros do estilo Suio Ryu.

Na Confederação Brasileira de Kobudo (CBKob), são ensinados estilos tradicionais (principalmente Suio Ryu, Muso Shinden Ryu, Tenshin Katori Shinto Ryu e Sekiguchi Ryu).

Estilos tradicionais também são ensinados na Sociedade Brasileira de Bugei (SBB) e no Aizen Dojo.

A Nihon Kobudô Kyokai não reconhece alguns estilos como koryu, embora sejam amplamente praticados. Dentre esses estilos destacam-se Shinto Ryu ensinado no Dojo Shokakukan e o Kaze No Ryu ensinado na SBB.

Dentro dos Dojos filiados à CBK também é amplamente estimulado o estudo de Iaidô Koryu, havendo a prática de estilos variados, considerando inclusive a obrigatoriedade da demonstração de ao menos 2 Katas de koryu nos exames de graduação.

Na América do Sul há grupos conhecidos na Argentina, Brasil e Chile. Entre os estilos praticados se destacam Seitei Iai, Suio Ryu, Sekiguchi Ryu, Tenshin Shoden Katori Shinto Ryu, Muso Shinden Ryu e Muso Jikiden Eishin Ryu.

A prática do Iaidô

Sensei Cook

A prática do iaidô se reveste de grande profundidade pois o Iai tem como objetivo o autodomínio do praticante e a derrota do adversário sem a necessidade de desembainhar a katana. Em outras palavras, a conquista psicológica do adversário sem que haja necessidade do uso da espada.

A prática é feita visualizando-se os inimigos de acordo com os princípios de cada kata, não tendo necessariamente um oponente físico. Para fins didáticos, podem-se executar os movimentos com oponentes reais.

Um iniciante na arte utiliza uma espada de madeira (bokutô) ou uma iaitô (espada com lâmina de liga metálica). Os praticantes mais avançados utilizam shinken, espadas de aço com fio.

Além dos katas, alguns estilos praticam também técnicas executadas com espadas desembainhadas (geralmente chamadas de kumitachi 組太刀). Outros estilos praticam também o tameshigiri 試し斬り ou o suemonogiri 据え物切り, que é o corte de rolos de palha de larguras equivalentes a partes do corpo humano.

A Estrutura do Kata

Cada kata segue a mesma estrutura básica de quatro partes: Nukitsuke (desembainhar e cortar) Kirioroshi (corte principal com o uso das duas mãos) Chiburi (retirada do sangue da lâmina) e Noto (embainhar a espada); existem dentro desse formato variações consideráveis. Dentro das mais comuns encontram-se: golpear para frente com o tsuka (empunhadura da katana) antes de desembainhá-la, puxar a bainha (saya) para trás e golpear imediatamente girando-se para trás, cortar em ângulos diferentes de horizontal e vertical, e.g.: diagonalmente de baixo para cima e de cima para baixo ou pela lateral, entre outros.

O Formato de uma Seção de Treino

Arquivo:Iaidoka apprentissage reishiki lesneven 2006.jpeg
Iaidô - reishiki (etiqueta)
Iaidô - prática

O formato do treino varia enormemente de acordo com o estilo a ser praticado. A diferença vai desde detalhes básicos, como a forma de amarrar o sageo, até grandes diferenças, como a proibição de todo e qualquer tipo de alongamento, para buscar o máximo realismo dentro da prática.

No Seitei Iaidô, um seção típica de treino começa com aquecimento e alongamento. Em seguida faz-se o rito de etiqueta de abertura, que consiste de kamiza ni rei (curvar-se para o lugar sagrado), sensei ni rei (curvar-se para o instrutor) e o to rei (curvar-se para o katana). Em seguida inicia-se uma seção de suburi (prática dinâmica de cortes) e kihon incluindo Chiburi e Noto. A depender do tamanho e nível da turma, outras técnicas derivadas dos katas são exercitadas antes da prática dos katas propriamente dita ser iniciada. A série de katas, freqüentemente, se inicia com o sensei explicando algum ponto que deve ser especialmente observado pela classe ou por algum subgrupo específico da mesma. A isso se segue a pratica formal, em que todos praticam os katas em conjunto sob o comando do líder do dojo ou um treino livre quando os katas são praticados sem sincronismo e individualmente, cabendo ao instrutor a observação e correção de pontos de cada praticante de forma individual. Ao final da seção, todos fazem a etiqueta de fechamento em conjunto.

O Keiko

Esse termo é traduzido como treino ou prática, mas seu significado em japonês abrange mais que isso. É o estágio em que os movimentos são aperfeiçoados por repetição lenta, dividindo-se o kata em suas partes componentes e pela contextualização da técnica em situações e confronto real. Com o tempo, o praticante começa a entender os princípios de Metsuke (correto uso dos olhos), Seme (pressão sobre o adversário) com o objetivo de controlar o adversário. Durante o keiko também são apreendidos os conceitos de Maai (distância de combate) e Ma(tempo - timing).

Aspecto filosófico

A espada no iaidô é um instrumento espiritual, sem dimensão material. As horas de treinamento dedicadas para que se possa atingir o domínio da técnica são horas em que o praticante entra em contato com seu eu interior (espírito).

O iaidô é uma mistura única de ética Confucionista, de métodos introspectivos do Zen-budismo e da filosofia Taoísta, tudo isso temperado pelo rigor do Bushido. O Iai proporciona um estado mental focado e sereno ao praticante, podendo ser entendido como uma disciplina meditativa.

Como uma arte marcial pode ser efetiva quando é praticada somente com o uso de katas contra oponentes imaginários? Essa questão é mais profunda e difícil de responder do que pode parecer inicialmente. O problema começa na definição de 'efetiva' e que efeito se deseja obter. Claro que nos katas não existe oportunidade de comprovação da técnica do praticante em combate, como existe no kendô. O rigor na repetição dos movimentos do kata não deixa também espaço para adaptações em resposta às ações de um adversário real.

Além do estudo das técnicas, existe também o aspécto filosófico que envolve cada um dos diversos estilos de iaidô, influenciando inclusive na forma como as técnicas são executadas. Um praticante de um estilo tradicional (Koryu) deve conhecer tais influências.

Como uma arte marcial contextualizada no mundo atual, é muito fácil enxergar, superficialmente, o iaidô e outras formas de esgrima como extemporâneas, simplesmente por não ser usual nem esperado que alguém saia pelas ruas portando uma espada.

O que deve ser notado no entanto é o que está por baixo dessa observação superficial. O que deve ser observado é o modo como o praticante deve se portar para evitar conflitos. Isso foi explicado milênios atrás por Sun Tsu em sua obra A Arte da Guerra e, posteriormente, por muitos estrategistas. O praticante que treina com dedicação e correção e com a orientação de um Sensei, desenvolve a habilidade de reconhecer situações difíceis e de como evitá-las antes que se tornem problemas de fato. Mesmo sendo inevitáveis ele aprende a enfrentá-los antes que atinjam grandes proporções. Mesmo algumas sendo inevitáveis, o praticante aprende a manter um estado de espírito e postura corporal e mental, que não oferece, ao adversário, oportunidade de agredi-lo. Essa é a essência do iaidô, do kendô e de outras artes-marciais que não se transformaram simplesmente em esportes comerciais.

O Kanji 'I' também pode ser lido como 'itte' e 'ai' como 'awasu' na frase 'Tsune ni itte kyu ni awasu' que significa: seja onde e o que estiver fazendo, sempre esteja preparado. Como preparado entende-se não só estar alerta, mas também ter treinado rigorosamente para que, se necessário, uma técnica decisiva possa ser utilizada para terminar um conflito. Golpes com uma katana normalmente são cabais, mas esse não é o ponto. No mundo dos negócios a pessoa deve estar preparada e agir decisivamente quando necessário. Será que a pessoa está preparada, tem a autoconfiança necessária?

Quando um amigo desaponta uma pessoa, ela consegue lidar bem com esse tipo de situação, entendendo completamente as implicações e as conseqüências de suas ações? Ao cruzar uma rua e um carro aparecer como do nada ou algo cai sob sua cabeça enquanto está caminhando, seu corpo se encontra suficientemente equilibrado e sua mente suficientemente clara para lidar com esse tipo de situação e se colocar em segurança? Todos esses são exemplos práticos da aplicação do iaidô no mundo moderno.

A prática do iaidô é educativa tanto para jovens estudantes, como para executivos, gerentes e empresários, em resumo para todo aquele que precisa e quer aprimoramento nos principais valores humanos e de cidadania.

Graduações

As graduações no iaidô dependem do estilo que se pratica.

Seitei Iaidô

No seitei iaidô, a graduação obedece aos ditames da FIK com uma banca examinadora. Atualmente, a graduação segue a seguinte progressão:1º kyu e em seguida 1º dan ao 8º dan (o grau mais alto).

Paralelamente, existem títulos que podem ser conferidos de acordo com as contribuições do praticante à arte. Atualmente, existem três: Renshi (praticante avançado), Kyôshi (praticante professor) e Hanshi (praticante modelo).

O título de Renshi pode ser conferido para praticantes a partir do 6º dan, o de Kyôshi a partir do 7º dan e o de Hanshi, o mais elevado, pode ser conferido apenas para praticantes que atinjam o 8º dan.

Todos os títulos japoneses marciais são inspirados no passado do espada: Hanshi, por exemplo, corresponde a "Grão-Mestre de Armas". A partir do século 17, os títulos marciais da espada foram adotados para o conjunto das Artes Guerreiras (Sobujutsu) e depois para as "Artes Marciais Verdadeiras" (Sobudo).

Nos exames cada praticante deve realizar 5 Kata. Oficialmente a FKI (Federação Internacinal de Kendô) pede que os dois primeiros sejam Koryu e os três seguintes do Seitei Iai. No dia do exame a banca examinadora escolhe e anuncia os Kata de Seitei Iai a serem executados por todos os examinandos, independente de graduação. Ou seja, do exame de aspirante ao mais graduado todos farão a mesma sequência de kata de Seitei Iai, além dos outros 2 Kata de um Koryu da preferência do praticante.

Iaidô Koryu

A graduação nos Koryu varia muito dependendo do estilo. Cada estilo possui um currículo diferente de técnicas e a graduação representa o grau de conhecimento das técnicas.

Antes disto, a maioria das escolas de artes japonesas tradicionais utilizavam o complicado sistema Menkyo como uma forma de licenciar os estudantes aos níveis técnicos de habilidades particulares.

O Estudo Técnico é comumente dividido em 4 Den:

  • Shoden 初伝 – Ensinamentos Prelimilares.
  • Chuden 中伝 – Ensinamentos Intermediários (título: Shidoshi).
  • Okuden 奥伝 – Tradição Oral de Mestre para Discípulo (título: Shiran).
  • Hiden – Ensinamentos Secretos.

Os certificados de graduação técnica costumam ser:

  • Meikyo – Após ser aprovado no Shoden.
  • Kaiden – Após comprovado conhecimento místico e superior. Título raro, que significa "Igual ao Mestre". Esse termo é muitas vezes utilizado em vez de "Menkyo-Kaiden", espécie de certificado concedido pelo Mestre no qual declara por escrito ter "ensinado todo seu saber ao portador". Raramente um Mestre concedia um Kaiden, por vezes um ou dois em toda sua vida. Por outro lado, sem um Menhyo-Kaiden de seu precedente mestre, era impensável ao discípulo ser aceito por outro Mestre de igual ou maior valor.
  • Meikyo Kaiden – após comprovado maestria e domínio.

Nos estilos antigos (koryu) são em forma de makimono (pergaminhos), onde a graduação máxima se completa com o Menkyo e Menkyo Kaiden. Não há dan ou kyu e dependem exclusivamente do mestre Shihan, responsável pelo estilo.

Embora seja incomum, algumas escolas adotam o sistema de graduações modernas ("kyu" e "dan"). Existem estilos que possuem as duas formas de graduações coexistindo.

Referências na ficção

  • Kenshin Himura de Samurai X era conhecido como Battousai (mestre do desembanhar da espada).

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Predefinição:Ligações externas